Combate à violência política de gênero é discutido em evento da Semana da Diversidade do TRE-RJ
Participantes falaram sobre os desafios enfrentados pelas mulheres candidatas e ativistas
"A violência política de gênero fere não só a mulher, mas a democracia", resumiu a presidente da Comissão de Promoção da Igualdade, Diversidade e Não Discriminação (Iguais) do TRE-RJ, Gisele Goneli, ao final da mesa-redonda sobre enfrentamento à violência política de gênero. O evento desta quarta-feira (28) marcou o segundo dia da programação da 3ª Semana da Diversidade, que contou com a participação de integrantes do Comitê Marielle Franco. A instituição reúne 12 entidades públicas e privadas, entre as quais o TRE-RJ.
Para Tainah Pereira, coordenadora de política do movimento social Mulheres Negras Decidem, a eleição de mulheres para cargos políticos é um fato que proporciona benefício para toda a coletividade e deve ser estimulado. Ela destacou que a previsão de direitos sociais na legislação é uma conquista, mas que a existência de normativo legal não significa garantia de seu cumprimento. "A Lei 14.192/2021, que trata sobre violência de gênero, foi aprovada em 2021, porém pouco aplicada nas eleições de 2022, por exemplo", afirmou.
A cientista social Alessandra Nzinga, da Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher da Prefeitura do Rio de Janeiro, fez coro com Tainah e acrescentou que, no último pleito eleitoral, o órgão não recebeu denúncia nesse sentido.
"Isso não quer dizer que nada de errado tenha acontecido. Talvez, as mulheres não soubessem como denunciar", opinou a cientista social. "Nosso papel é garantir que as mulheres possam denunciar e seguir com qualquer cargo que elas venham a exercer", disse Alessandra Nzinga.
Violência simbólica
Para Gisele Goneli a violência política de gênero reflete a violência contra as mulheres presente na sociedade e pode acontecer de forma simbólica. "Até 2016 não existia banheiro feminino no plenário do Senado, por exemplo. Isso mostra que aquele ambiente não foi criado para mulheres", opinou a presidente da Iguais.
Subcoordenadora do Grupo de Trabalho "Enfrentamento à Violência de Gênero" da Comissão OAB Mulher, Alessandra Ulrich, comentou que o caso mencionado por Gisele mostra que "as mulheres sempre foram invisibilizadas". Ela ainda alertou que os recortes por raça e condição social "mostram cenários ainda piores".
A coordenadora do Grupo de Trabalho de Mulheres na Política da Comissão OAB Mulher, Paloma Oliveira, acredita que a maioria das pessoas não consegue se ver representadas nos parlamentos. "Percebemos uma maioria branca, cis e hétero que não está disposta a abordar determinados temas", garantiu a advogada. Paloma, que já foi assessora parlamentar, enfatizou a importância de haver diversidade nas casas legislativas. "Para que possamos ver questões diversas sendo pautadas", defendeu.
A gravação da conversa está disponível no canal TV TRE-RJ no Youtube.