TSE e USP lançam em maio livro “Eleições na Primeira República”
Confira a entrevista com Jaqueline Zulini, professora da FGV e autora de três dos 17 artigos da obra
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai lançar, de forma virtual, no dia 11 de maio, o livro Eleições na Primeira República – 1889 a 1930, fruto de cooperação técnica com a Universidade de São Paulo (USP). A obra foi organizada por Paolo Ricci, professor doutor do Departamento de Ciência Política da USP, e conta com o prefácio do presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.
O livro é composto por 17 artigos de diferentes autores, sendo a maioria deles doutores e pós-doutores em Ciência Política e História de diversas universidades do país.
Jaqueline Porto Zulini, professora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, é autora de três artigos da obra: A representação política na Primeira República, As eleições para o Congresso Nacional e A pena contra a espada: erudição e militarismo em combate na campanha civilista de 1910.
Jaqueline, que também é cientista política, destaca que os pesquisadores são entusiastas dos termos de cooperação entre órgãos públicos – como, no caso, o TSE – e as universidades.
“Recorremos ao TSE sistematicamente para analisar as eleições no Brasil. Então, temos o compromisso intelectual de reportar ao Tribunal o resultado de pesquisas históricas anteriores a 1932, quando a Justiça Eleitoral ainda não existia”, afirmou.
Para ela, se, de um lado, a universidade pode ajudar o TSE a gravar a memória eleitoral institucional brasileira e a mapear a história das instituições políticas do país, de outra parte, o Tribunal auxilia na difusão das informações, fazendo com que os próprios pesquisadores se conectem em torno de novas agendas de pesquisas.
“É necessário que se rompam os muros das universidades e que se leve à inovação de pesquisas a alunos dos ensinos fundamental e médio, aos professores. Enfim, devemos levar o conhecimento à sociedade, em vez de ficarmos restritos ao diálogo dentro da academia”, enfatizou.
Veja a entrevista com a professora Jaqueline Zulini.
De acordo com Jaqueline Zulini, o livro mostra como é bem-vindo o trabalho multidisciplinar. Ela explica que o estudo das eleições antes da democratização do Brasil não era uma prática na academia, uma vez que o referencial teórico para analisar os pleitos era muito contaminado por uma definição mínima de democracia, o que não permitia uma análise mais objetiva do governo representativo do Brasil na sua origem. No entanto, a historiografia deu um salto, fazendo uma autocrítica, chamando a atenção para o fato de que a Primeira República no Brasil não podia ser julgada pelos escritos dos ideólogos autoritários do Estado Novo, que minimizavam o passado representativo do país, justamente para justificar o novo regime.
Ela ressalta que o a obra é o resultado da união entre crítica historiográfica e o trabalho da Ciência Política e que, no ano que vem, embora a Justiça Eleitoral complete 90 anos, ainda há um mundo a ser explorado em termos de história das eleições.
Diagramação
A diagramação da obra ficou a cargo da Secretaria de Gestão da Informação do TSE, e todos os capítulos foram ilustrados com fotos e charges da época, o que só foi possível resgatar graças ao trabalho de digitalização de jornais e revistas conduzido pela Biblioteca Nacional.
Fonte: TSE